Uma visita ilustre

 

Neste dia 14 de julho, tivemos uma visita ilustre no Museu Memórias do Alto: o norte-americano Thomas Miller, que morou em Alto do Rodrigues há algumas décadas e veio até o museu no intuito de reconstruir algumas de suas memórias.

A visita teve a feliz intermediação de Gené Dantas, assessora técnica da Prefeitura Municipal de Alto do Rodrigues até o ano de 2024.

Thomas Miller formou-se em agronomia pela Universidade da Califórnia e veio ao Brasil através de um programa desta universidade para realizar pesquisa na área de horticultura. O seu trabalho, em particular, tratou do uso da compostagem de palha de carnaúba em práticas agrícolas, o que chamamos popularmente de “paú” (palavra de origem indígena), muito usado em “palanques” de hortaliças, vasos de plantas, canteiros, entre outras situações, algumas vezes misturado ao esterco bovino. Em certo momento, pontuou que o uso da palha de carnaúba triturada como cobertura de solo tem a peculiaridade de evitar o crescimento de ervas daninhas, evitando o uso de herbicidas químicos.

Ele esteve em Alto do Rodrigues no tempo do prefeito Chico Eliseu e costumava ir barbear-se com o senhor Valdemar, pai da professora Paizinha, ambos já falecidos. Foi na mesma época em que o pastor batista Fred McClanahan esteve em atividade missionária na vizinha cidade de Carnaubais, assim como o senhor David Smith, que comandava o empreendimento agrícola conhecido como Agroknow no município de Assú. O senhor Thomas Miller conviveu com os dois.

Declarou ter ainda fotografias do período. Apesar de este recurso ser algo um tanto raro entre os moradores nativos, o senhor Thomas Miller não tinha esse problema, pois possuía câmera, filmadora e, até mesmo, uma máquina de fazer sorvete, vantagens que sua condição de pesquisador norte-americano vinculado a uma grande universidade lhe garantiam. Ficou de procurar em seus arquivos algumas imagens e documentos e encaminhar ao Museu Memórias do Alto.

Lamentou que o atual presidente norte-americano (Donald Trump) seja tão hostil a imigrantes, o que lhe deixa extremamente constrangido, quando lembra de quão bem acolhido foi pelos brasileiros, especificamente, pelos altorrodriguenses.

Antes de ir embora, declarou a intenção de trazer uma neta para conhecer o lugar onde viveu e do qual carrega boas lembranças.

Aguardamos!

Relato da Reunião com a Equipe do Museu Câmara Cascudo

 

Relato da Reunião com a Equipe do Museu Câmara Cascudo

Data: 26 de junho de 2025

Horário: 14h30 às 16h30

Local: Secretaria de Cultura e Turismo de Alto do Rodrigues

Objetivo da reunião:

A reunião teve como propósito discutir questões fundamentais para o fortalecimento do Museu Memórias do Alto, especialmente no que diz respeito à sua regulamentação e à ampliação e organização de seu acervo, em consonância com as diretrizes nacionais voltadas à preservação do patrimônio cultural, histórico e científico.

Pauta abordada:

1. Regulamentação institucional do Museu Memórias do Alto, com vistas a alinhamento às normas adotadas em nível nacional para museus comunitários.

2. Organização do acervo já existente, visando melhor catalogação, preservação e acesso público.

3. Exploração do potencial de ampliação do acervo a partir de descobertas paleontológicas e arqueológicas no território municipal de Alto do Rodrigues.

Deliberações e encaminhamentos:

• Foi realizada visita técnica ao espaço do Museu Memórias do Alto ao final da reunião, com o intuito de avaliar in loco a atual estrutura física e os itens disponíveis no acervo.

• Decidiu-se pela realização de uma visita exploratória à comunidade da Gangorra, visando averiguar a presença de elementos de interesse para futuras pesquisas geológicas, paleontológicas e arqueológicas, o que poderá enriquecer significativamente o acervo do museu.

Participantes:

Visitantes técnicos:

• Claude Aguilar (paleontólogo)

• Wagner (biólogo vinculado ao corpo técnico do Museu Câmara Cascudo)

Representantes locais:

• Benedito de Sousa Melo

• Edicea Nascimento das Neves

• Francisca Simone da Cunha Araújo

• Francisco Canindé Carvalho Costa

• Francisco das Chagas Ferreira do Nascimento

• Francisco Janildo Sobrinho

• João Rafael Clementino de Melo

• José Antônio Barbosa Silva

• José Maria Seixas

• José Wilson Oliveira da Cunha

• Yara Régia Rocha Rodrigues

Considerações finais:

A reunião foi considerada produtiva e estratégica para os próximos passos na consolidação do Museu Memórias do Alto como espaço de valorização e preservação da memória histórica, cultural e científica do município de Alto do Rodrigues.

Homenagem à Escola Professora Maria Rodrigues Gonçalves

 Escola Estadual Professora Maria Rodrigues Gonçalves (Imagem: Google Earth: Street View; IA)

Comemorando 20 anos de história, a Escola Estadual Professora Maria Rodrigues Gonçalves, localizada na cidade de Alto do Rodrigues (RN) tem sua trajetória marcada pelo compromisso com a educação. Criada em 20 de maio de 2005, através do decreto nº 18251, durante a gestão da Governadora Vilma de Farias, a escola foi nomeada em homenagem à professora Maria Rodrigues Gonçalves, uma das pioneiras da educação na região.

Inicialmente, a escola funcionou no prédio da Escola Municipal Monsenhor Walfredo Gurgel, onde permaneceu até janeiro de 2019. Esse período foi marcado por desafios, como a necessidade de adaptação em um espaço cedido, mas também por conquistas, incluindo a formação de centenas de alunos e a realização de diversos eventos culturais e projetos interdisciplinares.

Em fevereiro de 2019, a escola mudou-se para o prédio da extinta Escola Estadual Professor Luís Carlos, conquistando, enfim, uma sede própria. Ao longo de duas décadas, a instituição tem buscado oferecer uma educação de qualidade, promovendo a integração entre família, escola e comunidade. A escola valoriza o desenvolvimento individual e coletivo, a ação participativa e a cooperação, mesmo diante de desafios estruturais.

Atualmente, a escola oferece Ensino Médio, Educação de Jovens e Adultos (EJA) e funciona nos turnos Matutino, Vespertino e Noturno. A comunidade escolar celebra com orgulho os sonhos realizados, os conhecimentos compartilhados e os laços fortalecidos ao longo desses 20 anos, reafirmando o lema de que “a educação é transformadora”.

Parabéns à Escola Estadual Professora Maria Rodrigues Gonçalves por seu importante papel na educação e na formação de cidadãos!

Texto: Museu Memórias do Alto (2025)

Biografia de Dona Tiquinha

Francisca Lopes Barbosa 

(Foto: Acervo do Museu Memórias do Alto/ 

Imagem melhorada com uso de inteligência artificial)

Francisca Câmara Lopes (Dona Tiquinha) nasceu em 16 de maio de 1931, em Alto do Rodrigues, município de Macau, estado do Rio Grande do Norte, filha de Manoel Lopes do Nascimento e Maria Soares Câmara.

Quando aluna, teve as seguintes professoras: Isaura Rodrigues, Estela Santos, Maria Santos, Afra Neves, Laura Rodrigues e Maria Rodrigues, com quem cursou o primário e todo o ginasial. Maria Rodrigues tinha cursado esses níveis de ensino em Macau e lhe repassou os conhecimentos adquiridos.

No ano de 1945, começou a lecionar na Escola Isolada de Alto do Rodrigues. E, com a professora da região, fez cursos de aperfeiçoamento para conseguir mais conhecimento e melhor ensinar aos seus alunos. Entre esses cursos, estavam: “Programa de Reformas Gerais de Ensino”, “Líder Comunitário”, “Clube Agrícola”, “Noções de Pequenas Publicidades: Jornais, Cartazes, Mensagens”, “Teatro de Fantoches”, “Dramatizações”, “Comédia”, “Artesanato”, e outros.

Com a ajuda do padre José Luiz e dos alunos, criou um Centro Social, e vários grupos, como: “Clube de Jovens - JAC”, “Clube Juvenil”, “Clube Agrícola” e “Clube das Mães”, que funcionam com pequenas mas valiosas atividades. Outrossim, organizava festas, teatrinhos, cantos, recreação, trabalhos manuais e agrícolas, orientações e transmissão de notícias através do auto-falante do Centro Social, que ficava próximo da igreja católica.

Certa vez, reuniram-se nas escola, em Alto do Rodrigues, os prefeitos do Vale do Açu, como também deputados estaduais: Edgard Montenegro, Ângelo Varela, Floriano Bezerra, Gerôncio Queiroz e Olavo Montenegro, que representavam a SUDENE (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste), para, através da CODEVA (Comissão de Desenvolvimento do Vale do Açu), encontrarem soluções para os problemas da região nordestina. Essa reunião teve como organizadora Dona Tiquinha, que contou com a participação dos alunos dos clubes Agrícola e de Jovens. Nessa ocasião, João Fernandes de Medeiros, o popular João Tereza, olhou para as pessoas presentes e, cheio de orgulho, fez um elogio à Dona Tiquinha: “Olhe, minha gente, o Alto do Rodrigues não tem uma professora, tem uma monstra!”. E os aplausos de todos vieram na hora.

Aos 19 de novembro de 1961, Dona Tiquinha casou-se com o senhor Francisco Nascimento Barbosa (Bia), passando a assinar como “Francisca Lopes Barbosa”. Após o casamento, fixou residência no Rio de Janeiro, mas não esqueceu Alto do Rodrigues. Teve dois filhos -  Luiz Carlos e Denner - e cinco netos: Gaya, Luca, Hugo, Ana Laura e Beatriz.

Em 2013, o escritor Rodrigo Hammer escreveu uma homenagem a Dona Tiquinha com o título “Um exemplo de vocação”, contida na revista “50 anos de emancipação política de Alto do Rodrigues”.

Francisca Lopes Barbosa faleceu no dia 1º de novembro de 2021.

Texto: Acervo do Museu Memórias do Alto (com adaptações).

 

Criação do Museu Memórias do Alto

 

LEI MUNICIPAL N°. 643/2020.

Cria o Museu Histórico e Cultural de Alto do Rodrigues.

O PREFEITO MUNICIPAL DE ALTO DO RODRIGUES/RN, O SR.

NIXON DA SILVA BARACHO, faz saber a todos os habitantes deste município, que a Câmara Municipal aprovou e eu sanciono a presente Lei:

Art. 1º - Fica criado o Museu Histórico e Cultural de Alto do Rodrigues, subordinado à Secretaria Municipal de Cultura e Turismo que obedecerá às disposições contidas nesta Lei.

Art. 2º - O Museu Histórico e Cultural de Alto do Rodrigues tem por objetivo preservar, divulgar e manter sob guarda e conservação peças artísticas e históricas, instrumentos, utensílios típicos, referentes à cultura e história do Município, sua vida, seus hábitos e seus costumes.

§ 1º - O Museu funcionará em prédio público, localizado na Rua Francisco Rodrigues, nº 180, Centro, neste Município de Alto do Rodrigues.

§ 2º - O Museu terá todo o espaço reservado para exposições de seu acervo aberto para visitações.

Art. 3º - O Museu tem como objetivos:

1 – Adquirir bens representativos dos diferentes grupos formadores;

2 – Garantir a conservação e a segurança dos acervos sob a guarda da instituição;

3 – Promover atividades de pesquisa e documentação sobre seus acervos e sua relação com o patrimônio cultural do Município, estimulando a interdisciplinaridade entre as diferentes áreas do conhecimento;

4 – Incentivar a difusão dos acervos e divulgação institucionais por meio de exposições, publicações, ações educativas e atividades culturais correlatas, utilizando diferentes veículos de comunicação;

5 – Desenvolver programas, projetos e ações que utilizem o patrimônio cultural como recurso educacional e de inclusão social;

Art. 4º - O Museu Histórico e Cultural de Alto do Rodrigues levará o nome Museu Memórias do Alto.

Art. 5º - A administração do Museu Histórico e Cultural de Alto do Rodrigues será exercida por pessoa nomeada pelo Prefeito Municipal.

Art. 6º - O pessoal técnico e auxiliar necessário à coordenação e execução dos programas e atividades do Museu, será recrutado, preferencialmente, dentre os servidores já pertencentes aos atuais quadros da Prefeitura.

Art. 7º - O Município disponibilizará recursos orçamentários através do Fundo Municipal de Cultura nos orçamentos correntes para a conservação, manutenção e compra de objetos para o Museu.

Art. 8º - O patrimônio do Museu Histórico e Cultural de Alto do Rodrigues constituir-se-á dos bens e direitos que adquirir, com recursos e dotações, subvenções ou doações que, para este fim, lhe fizerem a União, Estados, Municípios ou outras entidades públicas ou privadas, nacionais ou internacionais e pessoas físicas.

Art. 9º - Observado o disposto no artigo anterior, constituirão recursos do Museu Histórico e Cultural de Alto do Rodrigues, destinados à sua manutenção e custeio, os provenientes:

1 - subvenções, auxílios e contribuições definidas e transferidas pelas esferas de governo federal, estadual, ou municipal;

2 - dotações orçamentárias que forem destinadas na lei orçamentária;

3 - doações e auxílios recebidos de pessoas físicas e jurídicas da iniciativa privada;

4 - receita financeira resultante de:

        1 - receitas operacionais de atividades artístico-culturais;

        2 - renda de bens patrimoniais;

        3 - quaisquer outras receitas inerentes as suas atividades.

Art. 10 - Esta lei entra em vigor na data da sua publicação, revogando as disposições em contrário.

Gabinete do Prefeito de Alto do Rodrigues/RN, 16 de junho de 2020.

Nixon da Silva Baracho

Prefeito Municipal

Observação: antes desta lei, a instituição chamava-se Ambiente Cultural Professora Dona Tiquinha.

Alto do Rodrigues: viajando no tempo com uma fotografia

 

Foto: Acervo do Museu Memórias do Alto

Eita, como o tempo voa, né? Olhando uma foto antiga de Alto do Rodrigues lá de 1995, a gente vê como a cidade mudou! Imagina só, no meio da avenida principal, a Angelo Varela, tinha uma danceteria chamada "Rock'n'Rio". Quem diria? Hoje, onde a gente vê bairros e o movimento do centro, era tudo roçado, terreno baldio... Nem escolas grandes como a Francisco de Oliveira e o CEEP existiam! E a caixa d'água da CAERN ficava bem no coração da cidade. Coisas que a gente nem lembra ou nem imaginava que existiram.

É aí que a fotografia mostra a sua força. Pra quem é mais novo, essas fotos são como uma viagem no tempo, uma chance de conhecer a história da nossa cidade pelos olhos de quem viveu naquela época. A gente pode ir no Museu Memórias do Alto e ver essa foto de 1995 e tantas outras, sacando como era a vida por aqui antes.

Já para os mais experientes, os adultos e os idosos, essas fotos são um tesouro de lembranças. Cada clique é um portal para revisitar momentos, lugares que marcaram a vida deles. Uma foto da "Rock'n'Rio" pode trazer de volta a música, os amigos, as paqueras... Uma imagem dos terrenos vazios pode despertar a memória de como era tranquilo, o que se plantava ali.

É muito legal ver como uma simples fotografia pode conectar gerações. Os mais velhos mostram para os mais novos como era o Alto do Rodrigues de antigamente, e a gente consegue entender melhor de onde viemos. Guardar essas fotos, cuidar dos acervos como o do museu, é fundamental pra gente não perder essa história, pra saber como a nossa cidade se transformou e valorizar o presente. Afinal, cada pedacinho do passado ajuda a construir o que a gente vive hoje.

Ambiente Cultural Professora Dona Tiquinha

Foto: Acervo do Museu Memórias do Alto

No dia 24 de março de 2004, durante as atividades festivas que antecipam o aniversário de emancipação política de Alto do Rodrigues, 28 de março, foi inaugurado o Ambiente Cultural Professora Dona Tiquinha.

A fundação deste Ambiente Cultural se deu mediante a necessidade de se fazer um resgate histórico do município de Alto do Rodrigues, relacionando o seu presente com o passado.

Essa ideia surgiu após a Semana da Cultura, realizada na Escola Municipal de 1º e 2º Graus Monsenhor Walfredo Gurgel, que apresentou o seguinte tema: O Alto do Rodrigues e sua Origem. Já tendo um certo acervo, fazia-se necessário um local para colocar esse material. Foi então que as professoras Maria Barbosa Gomes, Norma Araújo Rodrigues e Marly Rodrigues Barbosa procuraram o prefeito Abelardo Rodrigues Filho e pediram apoio para que o Ambiente Cultural fosse fundado. Recebido o apoio necessário, estava realizado o desejo das professoras.

O nome “Dona Tiquinha” foi dado ao Ambiente Cultural em homenagem à professora Francisca Lopes do Nascimento, conhecida carinhosamente por “D. Tiquinha”. Essa professora está inserida na história de Alto do Rodrigues pelo trabalho em prol da educação, informando e formando crianças, adolescentes, jovens e adultos, também na parte social e religiosa.

Dona Tiquinha trabalhou numa escola isolada de 1947 a 1961, período em que Alto do Rodrigues pertencia ao município de Macau e, depois, ao município de Pendências. Ela era muito dinâmica, incentivava os seus alunos a participarem de grupos sociais ligados à Igreja Católica e à Nossa Senhora do Rosário.

Texto: Acervo do Museu Memórias do Alto